Por Alberto Dines em 16/10/2015
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Zygmunt Bauman |
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em entrevista especial para o Observatório da Imprensa, confessou: “o que aprendi com o Google é que nunca saberei o que eu deveria saber”. Uma crítica explícita ao nosso sistema fragmentado de absorção de informações. Para ele, “o Google tem a maior biblioteca do mundo. Mas não é a maior biblioteca de livros, é a maior biblioteca de trechos, de citações, de partes e pedaços desconectados”. O autor de 35 livros publicados no Brasil ao longo de 26 anos, em sua rápida passagem no Rio de Janeiro, conversou com o apresentador Alberto Dines sobre filosofia, comunicação e sobretudo humanismo. Ele se apresenta como sociólogo mas afirma que parou de escrever há 25 anos para outros sociólogos, o que lhe interessa são os problemas das pessoas comuns e fica feliz ao dizer que com isto eliminou os intermediários.
O criador do conceito de liquidez aborda também questões da Europa e do Brasil. Ele se mostrou surpreso com os avanços sociais, apesar dos problemas que enfrentamos e declarou “representantes de 66 governos do mundo vieram para o Rio de Janeiro para se consultarem, para aprenderem sobre a experiência de retirar 22 milhões pessoas da pobreza. Ninguém mais repetiu esse milagre, apenas o Brasil até agora.”
Aos 89 anos, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman elogiou o chamado ‘milagre brasileiro’ no combate à desigualdade social nos últimos anos. Em entrevista ao jornalista Alberto Dines, no programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, o intelectual disse acreditar que o País está no caminho certo, mas os desafios ainda são enormes neste “milagre inacabado”.
“Vocês estão no caminho certo e eu espero de todo o meu coração que vocês cheguem lá. Eu apenas direi que os representantes de 66 governos do mundo vieram para o Rio de Janeiro para se consultarem, para aprenderem sobre a experiência de retirar 22 milhões de pessoas da pobreza. Ninguém mais repetiu esse milagre, só o Brasil. Desejo que continuem isso, mas também agora algumas deficiências estão vindo à tona”.
Autor de 35 livros, Bauman esteve no Brasil no mês passado. O autor vem tratando de temas da atualidade em seus trabalhos mais recentes. Em Amor Líquido, o sociólogo debate as relações cada vez mais ‘liquefeitas’, vinculadas a uma série de elementos tecnológicos, os quais levam a sociedade cada vez mais a um senso de que “nada é feito para durar”.
“A maioria das pessoas que usam computadores tentar criar para si uma zona de conforto, como uma câmara de eco, ou um corredor de espelhos, no qual a única coisa que você vê é a si mesmo. É algo que você não pode criar na rua. É simples, é só você parar de visitar sites que você não gosta. Na rua você não pode escapar do que não gosta”.
Além disso, Bauman analisou que a humanidade vem perdendo a capacidade de concentração, o que torna tudo transitório e pouco atrativo. Parte do problema repousa no excesso de informação, algo que nem sempre deixa a pessoa mais inteligente ou sábia. Outro desafio é a abordagem levada, por exemplo, pelo setor educacional a alunos cada vez mais dispersos.
“A habilidade de focar está muito difícil, está desaparecendo, e requer paciência e atenção. Nosso obstáculo é o excesso de informação”.
Apesar das dificuldades do presente, Bauman prefere não fazer previsões para o futuro, embora tente seguir um mantra pessoal: “Sou um pessimista no curto prazo e um otimista no longo prazo”.
Extraído de http://www.brasilpost.com.br/2015/10/16/zygmunt-bauman-brasil_n_8314576.html
Extraído de http://observatoriodaimprensa.com.br/oitv/entrevista-com-zygmunt-bauman/
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